quinta-feira, 13 de junho de 2013

Moradores da Rocinha se unem contra construção do teleférico


Parte dos representantes da região se unem contra equipamento na comunidade, onde ainda faltam serviços básicos
Esgoto. Pedestres caminham sobre a água suja na Via Ápia, uma das principais da comunidade  / Eduardo Naddar

Saneamento, coleta de lixo, educação e saúde são itens considerados básicos para a sobrevivência em qualquer lugar. Na Rocinha, porém, segundo alguns moradores, eles estão sendo preteridos por algo que não deveria ser prioridade: o teleférico. O arquiteto Luiz Carlos Toledo, responsável pelo Plano Diretor da Rocinha, aprovado em 2007, concorda. Segundo Toledo, o equipamento, que não estava previsto no projeto inicial, elaborado com o auxílio da comunidade, não trará grande benefício:
— Esta proposta de transporte, além de ser mais cara, por usar uma tecnologia complexa e importada da França, tem alto custo de manutenção. Ela será prejudicial ao comércio local, pois tirará o movimento das ruas. Uma solução seria a implantação de bondes sobre trilhos, que têm tecnologia nacional, já foram implementados em outras regiões com grande êxito e se adaptam melhor às inclinações do morro.
A falta de saneamento é uma das principais queixas dos residentes da Rocinha. Parte deles se organiza para enviar uma carta ao governo questionando a necessidade do teleférico. José Martins, dos grupos Rocinha sem Fronteiras e Rocinha 100% Saneamento, diz que a população não vem sendo ouvida:
— Numa reunião realizada em 2011, onde foi apresentada a ideia do teleférico, os moradores presentes foram unânimes em rejeitar a proposta. Eles pediram saneamento. Dois anos depois, somos informados pela mídia de que o projeto será executado, mesmo sendo contra a vontade de quem mora aqui.
José Britz, presidente da Associação de Moradores de São Conrado (Amasco), faz coro:
— Sofremos com a falta de coleta de lixo e de estrutura da comunidade. Tudo gera um reflexo negativo para o bairro. A construção do teleférico beneficiará somente o turismo. Isso interessa à comunidade como um todo?
Leonardo Rodrigues, presidente da associação de moradores União Pró Melhoramento dos Moradores da Rocinha, no entanto, diz que quem vive na parte alta da comunidade vê o projeto com bons olhos:
— Idosos, cadeirantes e pessoas que precisem se locomover com urgência serão beneficiados — exemplifica.
Ocimar Santos, presidente da associação Rocinha.Org, confirma que as opiniões estão divididas:
— Para alguns, o teleférico será um diferencial; já quem participa de movimentos sociais acha que a construção é um desperdício de capital.
A Empresa Estadual de Obras Públicas (Emop), vinculada à Secretaria estadual de Obras e responsável pelo projeto, esclarece que a obra está inclusa no PAC. Além do teleférico, que terá seis estações e duas linhas, integrando-se ao metrô, haverá obras de saneamento, abastecimento e esgotamento sanitário, aberturas de ruas e relocação de famílias em áreas de risco. O total de investimentos dos governos federal e estadual será de R$ 1,6 bilhão. Os prazos ainda serão definidos. A Secretaria de Obras frisa ainda que melhorar a acessibilidade é um dos pilares do PAC, e que este é um pedido de muitos moradores da Rocinha.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/bairros/moradores-da-rocinha-se-unem-contra-construcao-do-teleferico-8582995#ixzz2W8brQsgc 




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